domingo, 26 de junho de 2011

Complexo de bullying

O texto abaixo me chamou a atenção, então resolvi reproduzi-lo aqui na integra para todos lerem.
Ele foi escrito dia 26/06/2011 e postado no site do jornal Tribuna de Petrópolis ao meio-dia.
___________________________________________________________________


 É claro que um povo quanto mais esclarecido, mais aumenta o seu poder de organização social, por isso de forma mais consciente, reivindica os seus direitos. E assim passa a procurar as vias legais para se defender, aumentando com isso o trabalho das defensorias públicas.

Têm aumentado não só as notícias sobre os casos de “bullying”, mas também o número de processo jurídico envolvendo esse assunto. E diante dessa frequência, ouvem-se muito as seguintes frases: “agora tudo é ‘bullying’”, “ ‘bullying’ sempre existiu”, “agora ‘bullying’ virou moda”, “qualquer coisinha agora é ‘bullying’”, “por que nas escolas, está havendo tanto caso de ‘bullying’?”.

É fácil constatar que parte da população se manifesta contra as discriminações, combate as exclusões, procura defender as minorias, em suma, não admite atos de covardia. E aqui cabe citar o primeiro artigo da Declaração dos Direitos Humanos: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade”.

No final da década de noventa, a Unesco estabeleceu uma comissão internacional para discutir a função social da escola no século XXI. Essa comissão apontou quatro pilares para o processo educacional deste século: “aprender a conhecer”, “aprender a fazer”, “aprender a conviver” e “aprender a ser”.

Os tão comentados casos de “bullying”, creio que estão vinculados ao “aprender a conviver”. Na selvageria do sistema capitalista, há de se reconhecer que é difícil aceitar o diferente, ainda mais quando a sociedade privilegia a “cultura de massa”, marcada pelo darwinismo social, em que “os mais habilitados” é que devem sobreviver. Prega-se a ideia de que é preciso ser campeão em tudo. Não há espaço para os fracos e derrotados nesse sistema que reflete tão bem o Humanitismo do personagem Quincas Borba de Machado de Assis: “Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.”

A meu ver, a melhor forma de enfrentar os casos de “bullying” consiste em “aprender a ser”. Quem se aceita com é, quem não se rejeita, quem aprendeu a se amar, encontra mais força para encarar as situações adversas. Acho que o pior “bullying” é o próprio. A autorrejeição acarreta problema grave. Os que têm mania de perseguição também sofrem e geralmente caem na autoexclusão, isolam-se. E nesses casos, ir à justiça não resolve. O problema tem que ser resolvido dentro de si. Confesso que não sou um especialista nesse assunto, mas, por experiência própria, posso dizer que com a fé em Deus, com a estabilidade emocional que se encontra na família, com determinação, perseverança e amor próprio, o “bullying” é apenas mais uma pedra no meu do caminho. A vitória começa no interior de cada um.

De uma forma sutil, tenho perguntado a várias pessoas que me falam de “bullying” se elas lembram da historinha infantil do “Patinho feio”. Muitos estão bem informados dos casos de “bullying”, mas não lembram do final da história. Vale a pena reler essa historinha e analisar melhor a natureza da pessoa “diferente”...

- Alguém sofreu “bullying” maior do que Jesus? A nossa cruz é leve, leve-a apesar das pedras do caminho...

P.s. Quero aqui externar minha tristeza pela perda de uma pessoa tão humana, o ilustre membro da Academia Petropolitana de Letras, o médico Laert Goulart, homem que tanto amou a natureza...



Ataualpa A. P. Filho

Educador
 
 
link :http://www.etribuna.com.br/2011/index.phpoption=com_content&view=article&id=14288&catid=39

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Colabore conosco,deixe aqui sua marca!